[Resenha #26]: Trilogia Erótica Bela Adormecida – A. N. Roquelaure @editorarocco por @annacms_autora

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Título:  Os Desejos da Bela Adormecida – Trilogia
Erótica #01
Autor (a): A.
N. Roquelaure pseudônimo de Anne Rice
Lançamento: 2012
Estante: SkoobGoodReads
Editora:  Rocco
Páginas:  352
Literatura: Estrangeira
Gênero: Erótico
Estrelas: 4/5
Comprar: Amazon, Saraiva

Sinopse: A princesa condenada a dormir por 100 anos, depois de furar o dedo em
uma roca de fiar enfeitiçada, se torna vítima de um segundo feitiço – seu
coração e seu corpo estão sob controle do príncipe que a despertou, que a
declara sua escrava sexual e a leva para a corte de sua mãe, a rainha Eleanor,
um universo que mistura prazer, dor e subserviência.

 Título:  A Punição da Bela – Trilogia
Erótica #02

Autor (a): 
A. N. Roquelaure pseudônimo de Anne Rice
Lançamento: 2012
Estante: SkoobGoodReads
Editora:  Rocco

Páginas:  352


Literatura: Estrangeira

Gênero: Erótico


Estrelas: 4/5
Comprar: Amazon, Saraiva

Sinopse: A princesa mantida como escrava sexual passa de favorita do príncipe a
renegada, depois de se envolver com Tristan, também escravo na corte de
Eleanor. Vendidos para senhores diferentes, Bela e Tristan, são então,
separados, e, em meio a intensos jogos eróticos, acostumam-se a castigos cada
vez mais severos. Mas quando a vila é atacada por soldados inimigos, os dois
jovens são levados, junto com Laurent, um escravo fugitivo que havia sido
punido severamente, para o palácio de um sultão, até o momento de serem
devolvidos à rainha Eleanor.

 Título:  A Libertação da Bela – Trilogia
Erótica #03


Autor (a): 
A.
N. Roquelaure / Anne Rice
Lançamento: 2012
Estante: SkoobGoodReads
Editora:  Rocco
Páginas:  352
Literatura: Estrangeira
Gênero: Erótico
Estrelas: 4/5
Comprar: Amazon, Saraiva

Sinopse: Bela, Tristan e Laurent, chegam às terras do sultão, onde passam por
novas experiências sexuais, onde prazer e dor se confundem. Mas quando os três
escravos pensam que passariam muito tempo naquela terra tão diferente, são
resgatados por emissários da rainha Eleanor.



A Trilogia Erótica Bela Adormecida
– A. N. Roquelaure / Anne Rice
Imagine uma pequena coqueteleira de prata nas mãos
de um hábil bartender. Nela, ele adiciona três elementos para uma surpreendente
e explosiva mistura. Um – a essência verdadeira da BDSM. Dois – as bíblicas
Sodoma e Gomorra. E o terceiro, mas não menos importante – o surrealismo cômico
e psicodélico dos filmes históricos de Fellini da década de 70 tratando-se, no
entanto, da Idade Média.
Pois essa mistura existe e foi Anne Rice, sob o
pseudônimo de A. N. Roquelaure, o genial bartender responsável por este
coquetel, capaz de agradar a tantos paladares.
Trata-se de uma trilogia composta pelas obras Os
desejos da Bela Adormecida, A punição da Bela Adormecida e A libertação da Bela
Adormecida; que apesar de separadas – uma vez que o termo trilogia sempre
parece mais elegante – são muito mais partes integrantes, volumes separados de
uma narrativa concisa e que poderia facilmente ser unificada. E a prova disso é
que a segunda parte, em seu início, possui um resumo dos fatos narrados no
primeiro e o terceiro livro, possui os dois primeiros também sintetizados em
seu começo.
Em Os desejos da Bela Adormecida, Rice utiliza um
conhecido conto de fadas para localizar e contextualizar sua história em
dezenove capítulos, e a encantadora lenda amplamente conhecida por crianças do
mundo todo, em que uma belíssima princesa – e todo seu reino – sofrem uma
maldição de dormir profunda e eternamente após ela espetar seu dedinho no fuso
de uma roca de fiar, até que um valoroso príncipe a despertasse com um doce
beijo de amor verdadeiro; transforma-se na aventura BDSM da princesa Bela.
Assim, ao invés do inocente beijo de amor
verdadeiro temos um príncipe herdeiro que a desperta rasgando-lhe as roupas e a
inocência da virgindade e declarando-se seu senhor. E ao invés de levá-la ao
seu reino para desposá-la e “viverem felizes para sempre”, ele a transforma em
escrava sexual no palácio de sua mãe, a Rainha Eleanor, onde muitos príncipes e
princesas de vários reinos são oferecidos como tributos à poderosa rainha a fim
de tornarem-se escravos por um tempo pré-determinado e acordado, tendo como
objetivo o burilamento pela disciplina e pelo sofrimento, que os faria mais
fortes e valorosos, antes de retornarem aos compromissos de seus reinos.
Entretanto, as tormentas da jovem princesa Bela
começam antes mesmo dela chegar ao reino de seu príncipe salvador e primeiro
dominador, e a narrativa em terceira pessoa torna-se surpreendentemente vicária
e pessoal, quando a autora convida o leitor a acompanhar a jornada de
transformação na psique da princesa.
Ela inicia neste primeiro livro com o medo do
desconhecido, a repulsa, o ultraje e indignação com a humilhação imposta à Bela
em seu terrível treinamento de Bondage e Disciplina. Custa ao leitor
compreender no que tanta exposição e punição injustificada podem tornar alguém
melhor e mais valoroso.
Uma vez no palácio da rainha, a curiosidade da
princesa conduz à trama envolvente, e outros personagens e situações unem-se a
história, enriquecendo este mundo de sensualidade e violação irracionais. Lá
ela conhece, se encanta e deseja o jovem e belo príncipe-escravo Alexi, que
logo se revela num complicado triângulo amoroso com Bela e o príncipe herdeiro
– que curiosamente é o único que não recebe um nome próprio da autora. E, depois
passa pelo teste da inusitada Senda dos Arreios, na qual deve provar seu valor
de escrava à cruel e fria rainha.
A partir deste episódio a princesa começa a
mostrar traços de uma conformada humilhação ou uma angustiada resignação, e a
diferença sutil entre o conformar-se e o resignar-se acenam como cerne da
primeira efetiva transformação psíquica de Bela.
Estes dois termos, embora possam parecer
sinonímicos em primeira análise teórica, guardam entre si uma tênue diferença
prática. Conformado seria aquele escravo que aceita seu destino e desígnios de
seus senhores, mas em seu íntimo esconde uma rebeldia latente e inata, ao passo
que o escravo resignado é aquele que aceitando seu destino e desígnios de seus
senhores, encontra prazer íntimo em agradá-los.
O que comprova esta dualidade na obra é o doce e angustiante
encontro ilícito entre Bela e Alexi, no qual o príncipe-escravo faz uma longa,
e por que não reconhecer, enfastiante narrativa em primeira pessoa, contando à
Bela sua história como escravo. Contudo, a longa narrativa é necessária para
deixar explícito ao leitor que Alexi é o símbolo da conformação com a
escravidão e Bela é o símbolo da resignação.
E é com esta primeira mudança na psique da princesa
que termina o primeiro livro. Ela, em que sua curiosidade e encantamento por
outro lindo príncipe-escravo, – o príncipe Tristan – busca por vontade própria,
a pior de todas as degradações para os escravos do castelo: ser vendida no
leilão da Vila.
O modo de vida medieval europeu, bem como as
roupas – ou a humilhação da ausência delas –, as pessoas e os costumes da época
são descritos pela autora de forma tão simples e trivial, que fica muito fácil
ao leitor passar do ambiente da corte para rudeza da burguesia e dos vassalos
na Vila, cujo mais humilde serviçal ainda estaria em situação hierárquica
superior aos infelizes príncipes e princesas escravizados, e o leitor
naturalmente se vê no segundo livro, quase como se ele não fosse uma obra a
parte, e sim um seguimento, uma continuação do desfecho no primeiro, pois a
narrativa é retomada exatamente do mesmo ponto.
Entretanto, em A punição da Bela Adormecida ela
conhece novos e ricos personagens. O primeiro e mais importante é o próprio
príncipe Tristan, que ao contrário do que o leitor pode imaginar, não
desaparece da trama ao ser vendido para um senhor diferente da princesa Bela.
Tristan ganha seus próprios capítulos de narrativa em primeira pessoa, que
contrastam da narrativa em terceira pessoa onisciente do ponto de vista de Bela.
Apesar de A punição da Bela Adormecida entitular a
obra de vinte e oito capítulos, a princesa parece não encontrar punição em
nenhum deles.
Se no primeiro livro, a princesa resigna-se com
sua situação de escrava e brinquedo sexual da corte, treinando e desenvolvendo
Bondage e Disciplina; no segundo, ela depara-se com o desafio inicial de tornar-se
uma escrava rebelde – no qual as reflexões de Tristan traçam um importante
paralelo –, mas descobre os irresistíveis prazeres lascivos no sofrimento dos
duros castigos da Vila.
Bela é comprada pela dona de uma estalagem, a
implacável Senhora Lockley, e descobre no seu mais importante hóspede, o viril
e maduro Capitão da Guarda, o dominador sensual que fará dela uma submissa de
fato.
O inominável príncipe-herdeiro, com sua
inexperiente paixonite jovem e pueril, estava esquecido. O doce e terno príncipe
Alexi, com seu lírico arroubo de amor por ela e pela rainha ao mesmo tempo,
também estava definitivamente arquivado na memória da princesa.
No primeiro encontro a sós com o Capitão, Bela o
reconhece como seu mestre e senhor, submetendo-se subserviente a todas as suas
ordens, às quais obedece alegremente; encontrando prazer inclusive nas suas
chibatadas e nas punições de sua verdadeira senhora, a dona da estalagem – com
quem também troca prazeres e recebe castigos.
É este segundo livro que aproxima a trilogia das
pecaminosas cidades de Sodoma e Gomorra descritas no Antigo Testamento. A
devassidão cruel e desavergonhada com que os escravos são tratados, e com a
qual se comprazem, remete o leitor a essa interpretação medieval. E em mera
pesquisa, é possível encontrar o motivo de a autora ter escolhido
especificamente este conto de fadas – de A Bela Adormecida – para adaptar sua
história; pois o termo “Sodoma e Gomorra” aplicam-se por extensão às cinco
cidades-estado do Vale de Sidim, no Mar Morto, das quais uma delas chama-se
Bela.
Neste detalhe reside o genial simbolismo de Rice.
Nossa protagonista encontra ali, na rude luxúria da Vila, sua verdadeira face
de submissa e seu gosto pelo sadomasoquismo.
Ela já não se sente mais tão desconfortável pela
nudez permanente, fica clara sua impressão de normalidade frente ao cotidiano
da Vila, como se fizesse parte dele; citando inclusive, uma breve e frívola
referência ao termo e conceito de reencarnação.
Bela é violada, sodomizada, possuída e castigada
de muitas formas por seus senhores – o capitão e a dona da estalagem. Oferecida
como prêmio aos soldados, para que a possuíssem e a usassem ao seu bel prazer,
perante toda a estalagem lotada de clientela à noite.
Porém, ela nunca se sentiu mais livre.
O que soa quase como uma piada, um trocadilho
cômico e paradoxal ao título da obra. Ou seja, onde está a punição?…
É claro que ainda há o medo pela incerteza e pelo
abandono da servidão, mas o castigo deixa de ter o tom ultrajante para ela e o
leitor se depara menos indignado com ele e mais atraído pela sensualidade das
diversas situações eróticas descritas pela autora.
Tristan, no entanto, faz o contraponto. Seu
sofrimento na Vila é extremamente superior a princípio, e o escravo é
furtivamente dividido pelos seus senhores, dois irmãos da mais rica burguesia
da Vila: Nicolas e Julia. Numa pequena e discreta competição inicial entre eles
pelo amor de Tristan, este acaba se entregando aos carinhos de seu senhor numa
tórrida paixão homossexual, apesar do fascínio carnal com a princesa Bela.
Quando tudo parecia encontrar seu curso natural
para estes intrigantes personagens, uma surpreendente reviravolta acontece, e
alguns dos valiosos e lindos escravos da rainha são sequestrados da Vila e
levados a força para um longínquo sultanato árabe.
Assim Bela termina o segundo livro presa numa
gaiola dourada no porão de um navio, angustiada não só pelo seu terrível e
incógnito destino, mas também pela certeza de que apesar de ter passado por
tantos senhores, ainda não havia encontrado o amor, de fato.
É neste contexto que surge um novo príncipe à
história.
O príncipe Laurent era um dos escravos sequestrados
e compartilhava com Bela, Tristan e outros o degredo para as novas terras. Ele
era um escravo fugitivo da rainha que acabara de ser capturado, quando os
salteadores atacaram a Vila, e sua original beleza, alma intrépida e corpo
viril e descomunal logo chamam a atenção da selvagem princesinha.
Dá-se início desta forma, o terceiro livro desta
trilogia: A libertação da Bela Adormecida.
Com vinte e três capítulos que se revezam entre a
narrativa, ainda em terceira pessoa onisciente do ponto de vista da princesa
Bela, e a narrativa em primeira pessoa agora do príncipe Laurent.
Dos três livros, talvez este seja o menos
envolvente. Não pelas aventuras dos escravos em terras árabes, ou pela
suntuosidade das descrições detalhadas do palácio do sultão e seus rituais.
Aparentemente, o problema esteja no contraste causado pela leitura dos três
seguidamente.
A narrativa de Laurent é tão marcante e extensa
quanto à de Bela e somente no final o leitor compreende a importância dele na
história. Assim, enquanto Laurent passa de escravo submisso a poderoso
dominador, num tempestuoso e passional triângulo com Tristan e Lexius – o
mordomo do sultão e responsável pelos escravos –; Bela torna-se de bom grado o
brinquedinho sexual das mulheres do harém do sultão, tendo uma importante
voyeuse como expectadora: a misteriosa sultana Inanna.
É entre esta pungente personagem e a princesa Bela
que se dá o ponto alto de todo o livro. Neste encontro romântico a princesinha
ensina à sofrida sultana as diferentes formas de prazeres carnais, que lhe têm
sido cruelmente negadas.
A fugaz relação entre Inanna e Bela, a despeito de
seu caráter lésbico, parece ser a parte de toda a trilogia capaz de agradar aos
olhares feministas mais radicais, que tomados de revolta, possam se esquecer
que esta história num todo, apesar de atemporal em muitos aspectos, se passa na
distante Idade Média; muito antes das geniais reflexões de Simone de Beauvoir.
E, além disso, deixa uma marca indelével no coração e na psique de nossa doce
princesa protagonista, que logo depois dela é levada à força novamente, de
volta para a Europa.
Ainda marcada por Inanna, Bela logo se entrega aos
cuidados de seu senhor e mestre, o Capitão da Guarda, que visivelmente
apaixonado lidera a sua missão de “salvamento”. Porém, quando este não estava
por perto, e na escuridão do porão do navio, Bela também se rendia aos encantos
do brutal e atraente Laurent, que vivia sua própria crise de identidade, sem
saber se preferia ser submisso ou dominador dos belos e fortes Tristan e Lexius,
ao mesmo tempo em que lutava por não os amar profundamente, e descrevia o
sofrimento de Tristan com seu destino.
Bela, no entanto, não queria ser salva. Assim como
todos os outros resgatados.
E nisto, consiste mais uma vez a grande piada da
autora com o título da obra, pois em seu suposto cativeiro a princesa Bela era
absolutamente livre e plena de sua sexualidade, mesmo quando apanhava por
caprichosa punição. E, apesar disso, uma vez que o navio aporta em águas europeias,
ela se vê imediatamente liberta pela rainha Eleanor, e exortada a retornar ao
reino de seu pai com riquezas e vestes refinadas e virginais.
Desesperada, Bela tenta se rebelar contra esta
verdadeira prisão, mas sendo inútil lutar, despede-se de um arrasado Laurent,
que julgado pela rainha, é levado junto com Tristan aos estábulos da Vila, numa
punição renovadora para ambos.
Entretanto, Anne Rice conduz sua empolgante história
para um doce, bem-aventurado e divertido clímax, levando o leitor a descobrir o
desfecho de seus apaixonantes personagens principais, com um toque de emoção e
agradável surpresa. Carimbo com quatro estrelas douradas!
Por: Anna CMS

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