Resenha #305 Herdeiras do Mar – Mary Lynn Bracht @taglivros

Essa foi a minha primeira caixinha da Tag Inéditos e não poderia ter sido melhor do que eu esperava. Para quem não conhece a Tag Inéditos, ela é um clube de assinatura onde todo mês os associados recebem uma caixa com um livro inédito no Brasil (daí o nome), mas que em breve será lançado por alguma editora, e mimos referentes ao livro do mês.
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Resenha #305 Herdeiras do Mar – Mary Lynn Bracht @taglivros

Título: Herdeiras do Mar
Autor: Mary Lynn Bracht
Lançamento: 2020
Estante: Skoob
Páginas: 304
Editora: Tag – Experiências Literárias/ Paralela
Literatura: Internacional
Gênero: Romance, História
Estrelas: 4,5/5

A história comovente e desconhecida das mulheres coreanas na Segunda Guerra Mundial ganha vida neste romance épico, profundo e sensível sobre duas irmãs e um amor capaz de atravessar gerações. Quando Hana nasceu, a Coreia já estava sob ocupação japonesa, e por isso a garota sempre foi considerada uma cidadã de segunda classe, com direitos renegados. No entanto, nada diminui o orgulho que tem de sua origem. Assim como sua mãe, Hana é uma haenyeo – uma mulher do mar, que trabalha por conta própria seguindo uma tradição secular. Na Ilha de Jeju, onde vivem, elas são as responsáveis pelo mergulho marinho – uma atividade tão perigosa quanto lucrativa, que garante o sustento de toda a comunidade. Como haenyeo, Hana é independente e corajosa, e não há ninguém no mundo que ela ame e proteja mais do que Emi, sua irmã sete anos mais nova. É justamente para salvar Emi de um destino cruel que Hana é capturada por um soldado japonês e enviada para a longínqua região da Manchúria. A Segunda Guerra Mundial estava em curso e, assim como outras centenas de milhares de adolescentes coreanas, Hana se torna uma mulher de consolo: com apenas dezesseis anos, ela é submetida a uma condição desumana em bordéis militares. Apesar de sofrer as mais inimagináveis atrocidades, Hana é resiliente e não vai desistir do sonho de reencontrar sua amada família caso sobreviva aos horrores da guerra. Em Herdeiras do mar, Mary Lynn Bracht lança mão de uma narrativa tocante e inesquecível para jogar luz sobre um doloroso capítulo da Segunda Guerra Mundial ainda ignorado por muitos.

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Essa foi a minha primeira caixinha da Tag Inéditos e não poderia ter sido melhor do que eu esperava. Para quem não conhece a Tag Inéditos, ela é um clube de assinatura onde todo mês os associados recebem uma caixa com um livro inédito no Brasil (daí o nome), mas que em breve será lançado por alguma editora, e mimos referentes ao livro do mês.

Quando eu recebi a caixinha eu logo fiquei bem intrigada para fazer a leitura, pois, como sou fã de Kpop, gosto da cultura sul coreana, então já sabia que apreciaria bastante a leitura. Minha grande surpresa foi amar essa história, não por ela se passar na Coréia do Sul, mas sim por toda trajetória de superação, amizade e lealdade que ela traz.

Se não conseguem nos fazer morrer de fome, vão nos matar no campo de batalha. Estão enviando você para a morte.

Herdeiras do Mar nos transporta para a Coréia do Sul, mais especificamente para a Ilha de Jeju no verão de 1943. Lá iremos acompanhar Hana e Emi, duas irmãs haenyeo, em meio ao período da ocupação japonesa ao país delas durante a Segunda Guerra Mundial.

O livro começa realmente quando Hana é levada por soldados japoneses no lugar de sua irmãzinha para se tornar uma mulher de consolo. É a partir desse momento que temos a noção de quão brutal é a história da Coréia durante a guerra. E já aviso, se você tem problemas com leitura de livros que tratam de assuntos como sequestro de menor, violência seguida de estupro e exploração sexual esse não é um livro para você.

Todas as mulheres da nossa família se tornam haenyeo. Somos mulheres do mar. Está no nosso sangue. Não nos tornamos professoras. Esse é o nosso dom e o nosso destino.

A história das irmãs haenyeo é brutal e permeada de violência e tristezas, seja na vida da irmã sequestrada quanto na da irmã que ficou junto a sua família. A realidade mostrada no livro retrata um período doloroso da história da Coréia e que é um tabu até hoje entre o país e o Japão.

O livro traz dois pontos de vista, o de Hana em sua trajetória até a Manchúria e durante sua vida como uma mulher de consolo e o de Emi que ficou para trás e teve que conviver com a família após a perda da irmã até os dias atuais em que ainda guarda os segredos e traumas do período da guerra. Isso nos ajuda a entender o que aconteceu tanto com Hana como com Emi e nos passa todo o sentimento de lealdade que Emi tem com a irmã e com a promessa de reencontrá-la, mesmo que já tenham se passado muitos anos.

A pena é uma forma de gentileza. Cada uma de nós merece pena, mas ninguém nessa terra abandonada tem a compaixão de nos dedicar esse tipo de gentileza. Então estamos presas aqui nessa humilhação, sendo torturadas dias após dias. Não nos resta nada a não ser compartilhar entre nós a menor gentileza que tivermos.

A autora escreve de maneira crua e bem real todo o sofrimento e dor de Emi e tudo que ela aguenta somente porque precisa sobreviver para que o sacrifício de sua irmã não seja em vão. Conseguimos sentir durante a leitra toda culpa que ela sente pelo que aconteceu com Hana e isso torna o livro muito mais emocionante do que ele já é. Além de todo sofrimento que a própria Hana passa.

O livro traz também um lado importante da cultura coreana, as haenyeo da Ilha de Jeju e podemos conhecer um pouco do trabalho delas que atualmente são consideradas um dos tesouros mais valiosos da cultura sul coreana. Elas passam horas mergulhando para tirar seu sustento e de suas famílias do mar e é fascinante conhecer um pouco da rotina delas durante a leitura.

Enquanto se deita, ela decide que, se tiver que morrer, então morrerá tentando voltar para casa, e não se atirando num poço. Ela fica acordada a noite toda, imaginando sua fuga.

A edição da Tag está linda e todo o projeto gráfico é impecável, desde a capa bem condizente com a história, quanto a diagramação que está ótima. A escrita da autora é bem fluida e a história, apesar de bem triste e pesada, prende a atenção rapidamente, mas é preciso ter estômago para aguentar algumas coisas pelo qual a protagonista passa.

O livro é bem interessante e traz uma história emocionante e verdadeira sobre amor fraterno e lealdade, além trazer um pouco da história da Coréia do Sul e das mulheres haenyeo. Uma ótima pedida para quem gosta de livros emocionantes e que abordem a Segunda Guerra Mundial.

Beijos e até a próxima!

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